sábado, 29 de março de 2008

Um pouco mais sobre Hitler e Nazismo


Na última semana Hitler e o período Nazista voltaram às manchetes com a divulgação de que um tesouro nazista, o Salão de Âmbar, estaria enterrado sob a cidade de Deutschneudorf, na fronteira com a República Checa. O suposto tesouro teria sido roubado dos russos durante a Segunda Guerra Mundial, e contaria com 2 toneladas de ouro, obras de arte e outros objetos valiosos.

Esse episódio traz à tona o interesse do Fürer por obras de arte e relicários, e dá subsídio para uma análise do período em que a Alemanha experienciou o Nazismo sob o viés do comportamento de Hitler, e não somente pela justificativa de sua megalomania e impiedosidade, que o teriam levado a cometer tantas atrocidades.

É inaceitável associar Hitler e suas ambições ao ideal de beleza e arte, visto que a época em que a Alemanha foi por ele conduzida é tida como uma mancha na história. Porém, para o líder Nazista seus ideais eram a salvação da Alemanha, e posteriormente da humanidade, e estavam diretamente relacionados ao conceito – ao menos para ele – de arte e beleza.

Hitler, por estranho que pareça, sempre teve uma estreita relação com as artes. Pintor frustrado (aos 18 anos foi recusado na Academia de Artes de Viena) sempre sonhou em ser arquiteto, e tinha verdadeiro fascínio pela obra de Wagner, compositor alemão com idéias anti-semitas, defensor do mito do Sangue puro.

Os conceitos de arte e cultura de Hitler o levaram a crer que a Alemanha precisava ser higienizada, a fim de ser o expoente para um mundo norteado pelo ideal estético de raça pura.

O cenário político alemão levou Hitler ao poder, e com ele a instauração do ideário Nazista, fundamentado na obra Mein Kampf (Minha Luta) que ele escrevera na prisão, e que conseguiu grande aceitação entre a população, devido aos discursos abertos ministrados pelo partido Nazista, onde Hitler conseguia massiva aceitação popular, decorrente da sua oratória impecável.

Ao mesmo tempo, Hitler travou uma cruzada contra a arte bolchevista moderna, predominante na época, que ele considerava depravada e a caracterizava como “arte degenerada”, uma vez que os traços da pintura moderna eram predominantemente deformados.

Hitler tratou, então, de destruir o “Bolchevismo Cultural”, pois o considerava uma ameaça ao conceito de estética e ao ideal de raça Ariana, segundo o qual o ser humano deveria ser retratado com beleza e perfeição, como na Antigüidade Clássica. Para ele a degeneração das feições humanas no modernismo seria um presságio do que poderia ocorrer com a miscigenação racial, e deveria ser interrompida a tempo.

Uma das justificativas para o anti-semitismo de Hitler, era que os Judeus instigavam o Bolchevismo Cultural. Nesse sentido, determinou que eles deveriam ser exterminados, por espalharem a arte degenerada, assim como os ratos disseminavam as pragas e epidemias. Baseado nisso, Hitler deu início à limpeza étnica, destinada aos Judeus, aos miscigenados e aos portadores de deformações e doenças incuráveis. O massacre a esses grupos ocorreu porque segundo os ideais de Hitler, só assim seria possível limpar a Alemanha e preservar a raça e cultura Ariana.

João Marcos Tatim

3 comentários:

Unknown disse...

Belo texto Tatim! Muito bem escrito!
Só para adcionar um aspecto ao teu texto que já está perfeitamente formado, eu vou falar sobre as (poucas) coisas que eu ouvi sobre o "Führer" quando estive na Alemanha em 2005-2006.
Eu tinha uma professora de alemão que me falou que sua mãe era criança ainda na 2a Guerra e no auge do III Reich. Ela me alegou que os professores omitiam todos os fatos aos alunos, que, por sua vez, não entendiam porque todos os dias havia UM JUDEU A MENOS na sala de aula!
Essa "mancha", como citaste, é realmente muito dolorosa ainda na memória dos alemães. Estes porém, esforçam-se muito para mudar este estigma de que o alemão é um povo anti-semita, xenófobo e "frio". Exemplos disso são os altos índices de imigrantes que lá trabalham em busca de uma vida mais digna e também a calorosa demonstração de receptividade e carinho do povo alemão durante a copa de 2006.

Caroline Aneli Martins disse...

Muito pertinente teu texto João. O holocausto foi realmente um marco infeliz nessa linda história das relações entre as nações. Acho lastimável que alguns grupos neonazistas subsistam e continuam alastrando práticas desumanas por essa sociedade já bastante evoluída. Por outro lado é respeitável a reação da atual primeira-ministra alemã ao se pronunciar solidarizando-se com tal incidente. O mundo dos contrastes, onde vivemos.

Clávio Schütz disse...

Será que, sobre a arte, ele tinha razão? Vejamos, por qual das duas imagens acima você gostaria de ser retratado?