
Na última semana Hitler e o período Nazista voltaram às manchetes com a divulgação de que um tesouro nazista, o Salão de Âmbar, estaria enterrado sob a cidade de Deutschneudorf, na fronteira com a República Checa. O suposto tesouro teria sido roubado dos russos durante a Segunda Guerra Mundial, e contaria com 2 toneladas de ouro, obras de arte e outros objetos valiosos.
Esse episódio traz à tona o interesse do Fürer por obras de arte e relicários, e dá subsídio para uma análise do período em que a Alemanha experienciou o Nazismo sob o viés do comportamento de Hitler, e não somente pela justificativa de sua megalomania e impiedosidade, que o teriam levado a cometer tantas atrocidades.
É inaceitável associar Hitler e suas ambições ao ideal de beleza e arte, visto que a época em que a Alemanha foi por ele conduzida é tida como uma mancha na história. Porém, para o líder Nazista seus ideais eram a salvação da Alemanha, e posteriormente da humanidade, e estavam diretamente relacionados ao conceito – ao menos para ele – de arte e beleza.
Hitler, por estranho que pareça, sempre teve uma estreita relação com as artes. Pintor frustrado (aos 18 anos foi recusado na Academia de Artes de Viena) sempre sonhou em ser arquiteto, e tinha verdadeiro fascínio pela obra de Wagner, compositor alemão com idéias anti-semitas, defensor do mito do Sangue puro.
Os conceitos de arte e cultura de Hitler o levaram a crer que a Alemanha precisava ser higienizada, a fim de ser o expoente para um mundo norteado pelo ideal estético de raça pura.
O cenário político alemão levou Hitler ao poder, e com ele a instauração do ideário Nazista, fundamentado na obra Mein Kampf (Minha Luta) que ele escrevera na prisão, e que conseguiu grande aceitação entre a população, devido aos discursos abertos ministrados pelo partido Nazista, onde Hitler conseguia massiva aceitação popular, decorrente da sua oratória impecável.
Ao mesmo tempo, Hitler travou uma cruzada contra a arte bolchevista moderna, predominante na época, que ele considerava depravada e a caracterizava como “arte degenerada”, uma vez que os traços da pintura moderna eram predominantemente deformados.
Hitler tratou, então, de destruir o “Bolchevismo Cultural”, pois o considerava uma ameaça ao conceito de estética e ao ideal de raça Ariana, segundo o qual o ser humano deveria ser retratado com beleza e perfeição, como na Antigüidade Clássica. Para ele a degeneração das feições humanas no modernismo seria um presságio do que poderia ocorrer com a miscigenação racial, e deveria ser interrompida a tempo.
Uma das justificativas para o anti-semitismo de Hitler, era que os Judeus instigavam o Bolchevismo Cultural. Nesse sentido, determinou que eles deveriam ser exterminados, por espalharem a arte degenerada, assim como os ratos disseminavam as pragas e epidemias. Baseado nisso, Hitler deu início à limpeza étnica, destinada aos Judeus, aos miscigenados e aos portadores de deformações e doenças incuráveis. O massacre a esses grupos ocorreu porque segundo os ideais de Hitler, só assim seria possível limpar a Alemanha e preservar a raça e cultura Ariana.
João Marcos Tatim